top of page
Foto do escritorAdriana Gardin

A Cara da Maternidade

Você conhece a História da Maternidade?


Quem acompanha meus posts sabe que compartilho a noção de maternidade, paternidade e relacionamentos parentais como uma construção. Ou seja, o que vivenciamos é resultado de uma história, de processos individuais e coletivos, que vamos assimilando como próprios, mas que também podemos transformar.


Por isso, no post de hoje quero compartilhar alguns aspectos de uma aula que gravei sobre “A história da maternidade”, com o objetivo de levar o entendimento de por que a maternidade que conhecemos hoje tem essa cara e que cara é essa. Vem comigo, nessa jornada de novas possibilidades de entendimento e atuação?


Amor materno como mito e maternidade exclusiva como frutos de uma construção


Ainda é muito comum, no ambiente familiar, escolar e demais espaços sociais, a divisão das brincadeiras infantis entre coisa de menino e coisa de menina, reforçando nas meninas o papel de cuidadora, tranquila, amável, entre outras qualidades consideradas femininas.


Partindo para o âmbito religioso, vemos que houve um grande apelo emocional quanto à construção do ideal materno, idealizado na figura da Virgem Maria, símbolo de amor incondicional, abnegação e sacrifício. Um modelo a ser seguido por todas as mulheres do mundo.


Em 1762, com a publicação da obra Émile de Jean-Jacques Rousseau, ressalta-se o discurso da subordinação da mulher ao marido, bem como a ideia da maternidade como sacerdócio. Sendo assim, o bebê e a criança passam a ter atenção exclusiva da mãe. Hoje em dia, essa ideia parece óbvia, mas nem sempre foi assim.

A naturalização do cuidado e do amor materno como algo instintivo

Assim como ainda é comum a divisão das brincadeiras infantis, tem-se como naturalizado o chamado instinto materno. Porém, em 1780, por exemplo, a maioria das mulheres parisienses entregavam seus bebês para amas de leite, que os criavam até o primeiro ano de vida e, em seguida, encaminhava-os diretamente aos colégios internos.


Tal procedimento já era planejado antes do parto, porque a mulher precisava liberar-se o quanto antes para suas funções de esposa e dona de casa. Com isso, vemos que amor e cuidado aos filhos não fazia parte de seus “instintos” e a sociedade não a condenava por isso.


Mãe boa é a mãe que cuida


Maternidade e cuidado passou a ser a ordem do dia quando a evolução da espécie se vê ameaçada. Neste momento, inicia-se toda uma campanha desse ideal de maternidade, ainda refletido nos dias de hoje, que, em lugar de trazer satisfação, acolhimento e compreensão, impõe sentimentos de culpa e ambiguidade entre a idealização e a realidade, entre o sofrimento e a plenitude, especialmente se a gestação acontece sem planejamento.



A maternidade contemporânea

Nos últimos tempos, mudanças históricas deram um giro na dinâmica social da mulher, impactando diretamente no olhar sobre a maternidade. Castell destaca três fatores:

  • a entrada da mulher no mercado de trabalho: agora o espaço público não é mais exclusividade do homem;

  • a invenção e acesso à pílula anticoncepcional: o controle da natalidade traz novas possibilidades quanto ao momento e a real necessidade de ser mãe;

  • o impacto dos movimentos feministas: evidenciam-se novas possibilidades de atuação para a mulher, que até então era resumida ao casamento, aos cuidados do marido e dos filhos.

Sentimentos da maternidade


Diante de tudo isso, se as mulheres mantiver esta visão automática para as coisas, sem questionamento e avaliação do contexto ao qual pertencem, será natural terem sentimentos ambíguos em relação à maternidade e não acolhê-los, uma vez que mesmo esta, deixando de ser a única fonte de alegria permitida quando o assunto é realização, a mulher manterá a autocobrança de serem a mãe "perfeita" que nos século passado foi estabelecido.


Quando outros interesses passam a permear seus desejos e fazerem parte das suas rotinas de atuação, elas adquirem o desafio de serem perfeitas em todas as áreas da vida, o que inclui o lado profissional, afetivo e, é claro, os cuidados com a casa e com os filhos. Com isso, é naturalizada, por exemplo, a dupla jornada de trabalho: o remunerado, fora de casa, e os afazeres domésticos, independentemente de a mulher ser casada, ou não. Se o contexto social caminha trazendo as mudanças que a evolução humana pede, será que este momento já não passou da hora de transformar essa visão da Maternidade perfeita e única?

O que você acredita que o atual contexto quer de nós, mulheres e mães?

Revisitando a história e se conectando com o que é realmente seu

Até aqui dei um panorama geral que traz a ideia da maternidade como ainda é concebida nos dias de hoje. Mas… o que foi criado, também pode ser transformado. Daí a minha proposta de, por meio da orientação parental, trazer processos de conexão com a forma de maternar coerente com a sua história que é única e insubstituível.


Existem novos caminhos que são possíveis de serem percorridos à medida que nos damos oportunidade ao autoconhecimento, ao acesso aos nossos estados emocionais e nos permitimos atuar com consistência e em harmonia com o que de fato faz sentido para nós.


Assim, convido você a acessar uma maternidade com sentido. Isso significa não estar submetida a padrões do que é esperado dos outros em relação a você. Você pode, sim, ter uma maneira de maternar que respeite sua humanidade e que seja co-criada a cada mudança de fase, tanto sua quanto do seu contexto familiar.


Para seguir aprofundando, disponibilizo os posts a seguir.



Quero saber o que você pensa sobre esse tema. Deixe seus comentários!




コメント


bottom of page