Entenda o que é alienação parental e como ela pode causar sérios distúrbios de saúde nos filhos

A palavra alienação pode ter significados diferentes segundo o contexto em que for empregada. Ao buscarmos no Dicionário Houaiss (2012), encontramos quatro significados:
afastamento, alheamento;
transferência de um bem ou direito para outra pessoa;
indiferença às questões políticas ou sociais;
loucura, perda da razão.
Quando falamos em alienação parental, podemos entendê-la como um processo que, habitualmente, se configura em situações de separação de casal, embora também possa ocorrer em famílias “tradicionalmente” unidas.
No Brasil, a Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010, dispõe sobre a alienação parental, especificando no Artigo 2º que:
“Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie o genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.”
É importante salientar que o alienador busca alterar a formação da percepção social da criança ou adolescente e tem como objetivos principais difamar e denegrir, sem justificativas, a imagem de um dos pais, originando assim, a Síndrome de Alienação Parental (SAP), termo proposto, em 1985, pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner.
A SAP resulta de ações caluniosas praticadas por um dos pais e tudo o que este diz, em relação ao outro, passa a ser considerado verdade absoluta pela criança ou adolescente, mesmo sem comprovação.
Em uma situação de separação, por exemplo, quando o cônjuge não aceita o processo de separação, é bastante comum colocar a criança ou adolescente contra a outra parte, como forma de atingir e punir aquele que se afastou do lar.
Este “desejo de vingança”, que pode ser inconsciente, desencadeia um processo de desmoralização e descrédito do ex-parceiro, com a implantação de falsas memórias, que causam inúmeras implicações. Veja que crianças e adolescentes estão em processo de aprendizado e amadurecimento emocional, portanto, muitas vezes podem confundir realidade e fantasia.
Neste processo de implantação de falsas memórias, ainda que o responsável que tenha se afastado do lar tivesse um comportamento afetuoso e atencioso enquanto conviviam juntos, ao ouvirem constantemente dos demais familiares, que a pessoa que se afastou nunca foi carinhosa ou nunca deu a atenção necessária, leva a confusão da percepção dos filhos.
Consequências da Síndrome de Alienação Parental
O vínculo entre o filho e o alienado pode ser irremediavelmente destruído, restando apenas, como modelo, o genitor patológico (alienador), o que no futuro pode resultar no desenvolvimento de sérios transtornos psiquiátricos na criança ou adolescente.
A SAP é uma forma de abuso emocional que pode gerar consequências irreversíveis:
depressão crônica;
incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial;
transtorno de identidade e de imagem;
desespero;
sentimento incontrolável de culpa;
sentimento de isolamento;
comportamento hostil;
em um nível muito grave, suicídio.
Estudos revelam que, quando adultas, as vítimas da SAP apresentam inclinações para o alcoolismo e drogadição, como resultado do sentimento de culpa em que se sentem cúmplices inconscientes de uma grande injustiça feita ao genitor alienado.

Reconhecer as funções de pai e mãe para proteger os filhos
Quando em meu trabalho com os pais percebo a menor possibilidade de ser desenvolvido o processo de alienação parental, busco de forma assertiva esclarecer que os conflitos referentes à relação amorosa não devem, em hipótese alguma, misturar-se aos ligados às funções exercidas por pai e mãe.
Ainda assim, noto que os pais e responsáveis entendem essa orientação como um pedido para fingirem uma felicidade e harmonia (que não sentem) em nome de fazer o melhor. Diante disso, também deixo claro que tal compreensão está longe de ser verdadeira, e enfatizo ser fundamental que sempre mantenham opiniões honestas com os filhos.
É um direito dos filhos saber o que acontece em seu ambiente familiar. Contudo, isso não significa que eles devam ser expostos a detalhes que não lhes cabem avaliar ou decidir.
Um exemplo típico ocorre quando em uma situação, na qual houve um relacionamento extraconjugal, os pais “decidem” se separar. A família pode se reunir para que a decisão tomada seja exposta, ouvindo as dúvidas e lamentos dos filhos, permitindo que todos possam chorar e sofrer juntos.
No entanto, após reafirmarem a decisão, ambos os pais devem, obrigatoriamente, garantir aos filhos a segurança de os terem como figuras de apoio em quaisquer circunstâncias em que a presença dos dois for importante.
Além disso, a clareza das funções é fundamental sempre, em especial nestes casos, já que os filhos precisam sentir-se seguros e amados, não sendo este amor colocado à prova como se fosse preciso decidir de que lado ficar.
Espero que este post possa ajudar você a compreender melhor o que é alienação parental.
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Parabéns Dra Adriana muito instrutivo o post .