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Foto do escritorAdriana Gardin

Qual a diferença entre empatia e simpatia?

Como a compreensão dessas duas palavras podem contribuir para nossa educação emocional


Começo este post fazendo um convite para que vocês, pais, mães, profissionais da educação, conheçam o livro Nossos Filhos Nossos Mestres, em que os autores Myla e Jon Kabat-zin abordam, com uma linguagem bem acessível, passos para uma maternidade e uma paternidade atenta.


É à luz desses conceitos que eu trago o tema de hoje e, assim como os autores, eu sugiro a você a seguinte pergunta:


“O que eu mais queria dos meus pais quando eu era criança?”


O maior desejo de muitos de nós é ter sido visto e aceito pela família da maneira que somos. Sermos tratados com bondade, compaixão e compreensão, além de respeito. Ter tido liberdade, segurança e privacidade, além de uma sensação de pertencimento, e tudo isso depende da capacidade de sermos empáticos.


Para sermos empáticos precisamos desenvolver essa capacidade de maneira intencional, através da aprendizagem da observação, da escuta ativa, como chamamos na psicologia, para então nos comunicarmos com o outro.


Nossa tendência é acreditar que todos nós sentimos igual, o que não é real. Os sentimentos vêm de acordo com nossos esquemas mentais, crenças, valores, significados, ou seja, nosso universo interno. Nós damos significados às coisas de maneira totalmente diferente: a morte, a perda de um emprego, de um namorado, um dia de chuva, de sol, a felicidade, a alegria, cada um enxerga e sente de uma maneira.


Nos simpatizamos pelo outro e, ao sermos simpáticos, damos conselhos, por acreditar que estamos sabendo o que está passando na cabeça da pessoa, mas na verdade estamos olhando a partir do nosso ponto de vista e isso é simpatia, não empatia.


Não se trata de se colocar no lugar do outro


A empatia vai além. Algumas dores humanas são de certa forma construídas socialmente, no entanto, vai depender da individualidade de cada pessoa a intensidade dessa dor e da situação que ela está vivenciando.


Então, não é exatamente se colocar no lugar do outro, é bem o contrário disso: você tira a sua importância, o que você acha, o que você faria, para ouvir o que é importante para o outro, permitindo que ele encontre as suas próprias respostas, através do seu acolhimento silencioso.


Quanto falta de capacidade de empatia com o seu filho, por exemplo, quando ele está agressivo, fazendo birra, ou quando ele faz tudo ao contrário do que você esperava, ao chegar na adolescência?


Quando nossas necessidades físicas ou emocionais não foram atendidas na nossa própria adolescência, podemos não ser empáticos com os filhos por ser um modo de proteção da dor que tenhamos sentido.


Em vez de entrar em sintonia com o sentimento do outro, ignoramos ou minimizamos seus sentimentos, com racionalizações do tipo: “adolescente é muito folgado”, “essa geração é muito cheia de querer-querer”, “na minha época criança não tinha querer nenhum”...

A vulnerabilidade dos nossos filhos podem nos trazer recordações bem dolorosas das nossas próprias experiências de vida. Quando adultos, podemos recorrer a mecanismos de quando éramos crianças, nos fechando emocionalmente e nos desligando das nossas emoções.


Se foi assim que você aprendeu a lidar com a dor quando era pequena, talvez continue fazendo a mesma coisa quando adulta, às vezes, de maneira totalmente automática e sem se dar conta disso.


Recorrer a excesso de álcool, comida, bebida, drogas, telejornais, também são formas de nos desligarmos da dor quando adultos.


É importante fazermos uma reflexão:


Por que será que seria certo deixar nosso filho chorar para desabafar, quando nós não ignoramos o choro de pessoas estranhas? Muitas vezes vemos um documentário e a gente se condói da dor de uma pessoa. Por que com nossos filhos não seria certo fazer isso?


Ativando nossos recursos internos para acolher nossos filhos e a nós mesmas


Nós temos recursos internos, sim, e muito melhores para lidarmos com a dor em vez de utilizarmos a fuga, por que não entrar em sintonia? Estabelecer uma relação de empatia em momentos assim é uma alternativa saudável muito mais satisfatória porque traz conexão familiar, conexão com o outro.


Vou trazer uma historinha que está no livro que mencionei, só para ilustrar um momento de empatia entre uma mãe e uma filha.


Uma criança de 8 anos tinha muito medo de ladrões e sequestradores entrarem na sua casa e era algo que ela manifestava há tempos. A mãe, sentada na cama, lutava com ela mesma para não entrar naquele padrão de ficar tranquilizando a filha porque ela já viu que era inútil.

Então ela mudou a tática.


Uma noite, falou para a filha, “sabe filha, eu também, quando era criança, sentia muito medo da noite.” A menina arregalou os olhos e disse: “cê tinha muito medo, mãe?” E a mãe respondeu acenando a cabeça, “sim, tinha muito medo”.

A menina ficou pensativa por uns minutos e depois perguntou para a mãe: “E você podia contar para sua mãe?”


A mãe parou para pensar um pouquinho e respondeu: “não, não podia”. Com 8 anos de idade, a menina sabia, por experiência própria, como era importante poder contar o que sentia a uma pessoa próxima.


Ser ouvida e acolhida faz milagres!


Convido você a espalhar educação emocional começando por si mesma, acolha-se! Espero que essa reflexão contribua para despertar em você o desejo de ser mais empática consigo mesma.

Assista este conteúdo no canal Florescer em família. Até breve!






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