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Foto do escritorAdriana Gardin

Por que Janeiro Branco e não Janeiro Preto?

Não tem a ver com o que você está pensando!




Muitas vezes nós falamos de maneira rasa sobre determinado assunto, por não termos a profundidade ou conhecimento sobre a representatividade e serventia do que é tratado, e é essa sensação que tenho ao ler alguns conteúdos a respeito da Campanha Janeiro Branco.


Sou psicóloga e é desse lugar de fala que eu venho informar sobre esse tema. Como Adriana, pessoa, mãe, colega de trabalho, eu também falo da Campanha, mas estou aqui me posicionando no lugar de fala de uma psicóloga que conhece profundamente o idealizador desse Programa e o que significa essa Campanha.


Leonardo Abrahão é um psicólogo da cidade de Minas Gerais, idealizador que começou essa campanha em 2014, inicialmente com psicólogos, expandindo depois para diversos profissionais que trabalham direta ou indiretamente na área da saúde: nutricionistas, médicos, psiquiatras, instrutores de yoga, dentre outros.


O objetivo é trazer à sociedade contribuições para poder pensar na nossa saúde mental de forma integrativa, nos reconhecendo como seres bio-psico-sociais-eco-espirituais. Assim como atividade física virou sinônimo de saúde, por uma construção social, o objetivo é construir uma cultura que valoriza a saúde mental.


Repensando o modo de criticar


Tenho visto algumas críticas a respeito do Janeiro Branco e, antes de seguir, quero ressaltar que as críticas são importantes, assim como é importante pessoas pensarem de maneira diferente, mas existe uma crítica que está muito específica e eu gostaria de tratar aqui.


Outro ponto que também quero destacar é o de que a Campanha Janeiro Branco tem a função de desmistificar o adoecimento como sendo só de pessoas com transtornos mentais, consideradas loucas ou problemáticas.


O que adoece o ser humano também é o racismo. O racismo adoece porque tem a ver com relacionamento. É por isso que o Programa fala, sim, sobre racismo, sobre a violência contra a mulher, sobre o machismo e o quanto tal postura enfraquece as relações e perpetuam crenças de diminuição de valor das mulheres em relação aos homens.


Todas são questões tão estruturais na sociedade, que muitas pessoas cometem racismo e machismo, de maneira tão sutil e não percebem, pois são questões muito introjetadas socialmente. Por isso surge a necessidade de sensibilização e conscientização das pessoas, é também sobre isso a Campanha Janeiro Branco.


É sobre falar que se trata de algo que está na estrutura cultural, como se estivesse nos ossos das pessoas e elas não notam isso. Nossa tarefa inclui trazer essas sutilezas para as rodas de conversas nos mais diversos espaços: escolas, vizinhança, igrejas, salão de festa do prédio, em todo lugar de relação entre pessoas.


Aqui retomo a crítica específica que mencionei. Eu não sou uma pessoa com estudos profundos sobre o racismo e eu gosto de falar do que eu realmente conheço com profundidade, portanto não vou falar de maneira leviana de algo que desconheço, essa lucidez eu tenho e adoraria que todas as pessoas tivessem, mas não vivemos no mundo ideal.


Vivemos no mundo real e o mundo atual pede que sejamos críticos ao ler uma matéria para não tomar tudo como verdade absoluta, sem nenhum critério. Não existe verdade absoluta.




O real motivo do nome Janeiro Branco

Como eu conheço a Campanha, seu idealizador, e trabalho nela desde 2019, posso falar com propriedade que o Janeiro Branco tem esse nome porque ele começa no mês em que as pessoas estão mais abertas a pensarem planos e mudanças para suas próprias vidas, fazendo uma analogia com as páginas em branco de um caderno, de 365 páginas, que é o ano que se inicia.


É por isso que é Janeiro Branco! Mas muitas pessoas estão encarando como: “Tá vendo, é racismo! É a classe elitista!”


Gente, não! Não tem a ver com isso!


A Campanha Janeiro Branco não está aqui para dizer que trabalha apenas para pessoas que têm dinheiro e fazem parte das classes X, Y, Z, ou que é só tratamento individualizado. Não é isso, muito pelo contrário!


Estamos falando que nossa saúde mental depende do coletivo, da sociedade, do todo. Ela depende de nós pensarmos, sim, sobre a questão do SUS, inclusive agradecendo esse acesso à saúde mesmo ele estando da forma que está, sempre visando atuar para ele poder melhorar.


Espero que este post contribua para demonstrar que o Janeiro Branco vem para aproveitar o que temos de positivo na celebração de um novo ano na nossa cultura e incentivar o cuidado da saúde mental a partir da consciência de sermos bio-psico-sociais-eco-espirituais.



E você, já conhecia a origem da Campanha Janeiro Branco? Deixe seus comentários para seguirmos dialogando!



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