top of page
Foto do escritorAdriana Gardin

Quais são os seus limites?

Reconheça seus limites e saiba comunicá-los sem medo e sem culpa



No meu post intitulado Precisamos aprender a lidar com o desconforto, falo sobre as chantagens emocionais e como elas modelam nossa forma de se relacionar. Como sempre gosto de propor uma atividade-reflexão, propus alguns passos para intervir nos modelos aprendidos por nós e refletidos em como lidamos com nós mesmas e com os outros.


Dentre os passos, está a observação dos próprios limites, porque reconhecê-los é uma chave fundamental para cultivar a conexão com nós mesmas e criar relações conscientes. Uma vez reconhecidos, é importante saber comunicá-los.


Como existem várias maneiras de comunicar algo, compartilho aqui com vocês uma forma de comunicação muito alinhada com estes objetivos: a comunicação não violenta.


Desfrute a leitura!

Significado de limite

Ao pensarmos na palavra limite, certamente, um dos significados que aparece é “demarcação de algo”, mas também podemos pensar em limite de tempo ou limite espacial. Aqui, vamos interpretar o limite desde uma perspectiva psico-emocional. Neste sentido, trata-se de uma espécie de proteção do que é importante para nós.


Como vimos no post anterior, nos períodos de infância e adolescência, assimilamos modelos de comportamentos em resposta às formas que fomos criadas e é muito difícil defender nossos limites, especialmente se nesta dinâmica estão presentes os modelos chantagistas de comunicação, os quais nos leva a corresponder por culpa, medo ou obrigação.


Nestas condições, evitamos o “não” como possibilidade de resposta, seja de nós para os outros ou dos outros para nós. Em outras palavras, não sabemos dizer não e não queremos receber um não. Dessa forma, como estabelecer relacionamentos saudáveis? Imagine quão insustentável é uma relação na qual estamos obrigadas a sempre dizer sim, mesmo quando não damos conta de atender os outros!


Como adultas, podemos desenvolver a capacidade de defender nossos limites de forma intencional. É uma tarefa que pode ser difícil no começo, mas é como todo exercício: com o treino e a repetição da prática, nos tornamos mais habilidosas. E o ganho não é somente nosso, pois nossos filhos e demais pessoas das nossas relações também podem aprender juntos.

Uma questão de comunicação

Comunicação é a base para todo relacionamento e relacionamento pressupõe pelo menos duas pessoas, não uma fazendo o que a outra quer, embora muitas vezes apareça essa dinâmica de imposição de vontades e desejos nas relações.


Tal imposição pode aparecer de maneira direta, com ameaças do tipo “se você não arrumar o quarto, não vai ter dinheiro pra sair hoje à noite”, ou de maneira sutil: “Ah, você vai passar o Natal fora? Não tem problema, a gente nunca ficou longe, mas eu resolvo aqui, vejo o que vou dizer pra família…”.


Nos dois exemplos, temos o desejo de um pai ou uma mãe sendo comunicado para o filho, mas em ambos existe a tentativa de persuadir para que a resposta seja favorável a quem está impondo. Sendo assim, essa mãe ou pai até pode ter um resultado aparentemente satisfatório e digo aparentemente, porque, esse tipo de postura está perpetuando a impossibilidade de dizer “não” quando necessário.


Essa postura aparece entre casais, amigos, familiares e outras relações, e não é nada saudável. A comunicação não violenta (CNV) é uma forma de expressar nossos desejos e necessidades sem impor ao outro o que a gente quer, além de nos permitir aprimorar a própria escuta sobre o que o outro expressa para nós, aprendendo assim, a reconhecer e proteger o que é importante para nós, isto é, a estabelecer limites.



Comunicação não violenta (CNV), confiança e respeito mútuo

Com a comunicação não violenta aprendemos a vivenciar relações baseadas na confiança e no respeito mútuo, em que as pessoas são capazes de reconhecer suas necessidades e expressá-las de forma a compreender que suas necessidades não necessariamente serão atendidas. O que isso significa na prática?


Significa que quando a gente quiser que algo aconteça e esse algo também depende da presença ou aceitação do outro, precisamos estar preparadas tanto para o “sim” quanto para o “não”.


Significa também ter uma visão sobre os fatos sem julgamento, entendendo que julgar tem uma carga de valor pessoal que nos impede de ver a realidade tal qual é.


Por exemplo, se o filho diz para a mãe: “Quero passar o Natal na casa do meu amigo”, quando o pai chega em casa, ela diz “nosso filho não tem consideração”, essa é uma forma de julgamento.


Ao contrário, se ela diz: “nosso filho quer passar o Natal na casa do amigo e eu gostaria que passássemos juntos”, ao mesmo tempo em que ela descreve o fato (sem juízo de valor), também expressa o seu desejo.


No livro Conversas Corajosas: como estabelecer limites, lidar com temas difíceis e melhorar os relacionamentos através da comunicação não violenta, a autora Elisama Santos sugere quatro perguntas que nós devemos fazer para nos conectarmos com a nossa essência:


  • O que está acontecendo?

  • O que estou sentindo?

  • O que eu quero/preciso/desejo/necessito/espero?

  • O que o outro pode fazer para me ajudar a suprir essa necessidade?


Ao aplicar as perguntas diante de uma situação na qual queremos fazer um pedido, ou diante de algo que nos é solicitado, poderemos ter maior discernimento quanto à forma que desejamos expressar algo.


À medida que vamos exercitando uma nova percepção da nossa realidade, mais nos aproximamos de uma comunicação consciente, autêntica e corajosa. Porque sim, também é preciso uma boa dose de coragem para deixar florescer quem a gente realmente deseja ser!


Faz sentido para você? Deixe seus comentários aqui no post e dá uma olhadinha aqui neste vídeo sobre nossa intenção ao falarmos com o outro.


Comments


bottom of page